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Este microbook é uma resenha crítica da obra:
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN:
Editora: Ciranda Cultural
Era um dia claro e de sol forte, à sombra o clima estava agradável. A fazenda tinha ares de campo, e na faixa de terra mais próxima à casa grande existia um lago de águas de cor verde esmeralda. Suas águas eram calmas e convidativas, nela nadavam os patos, e à sua margem ciscavam galinhas e corriam os cachorros.
Ali perto estava uma jovem pata a chocar seus ovos, seu ninho ficava numa bela casinha de madeira feita à mão pelo senhor da fazenda. A pata sentia-se solitária, pois há uma semana, a única pata que lhe fazia companhia enquanto também chocava seus ovos se foi com seus patinhos logo após a quebra do último ovo.
Amargurada e já cansada por estar há tanto tempo a chocar e sem ninguém pra conversar, a pata observava ao longe os outros patos a nadar. Eles podiam caçar sua comida a hora que sentissem fome, e papear com seus colegas enquanto se passava o dia.
— Quanto tempo mais terei que esperar a chocar esses ovos? — ralhou a pata — Mal vejo a hora de voltar a nadar livremente, com meus filhotes a me seguir. Eles com certeza serão patinhos tão bonitos quanto os de minhas amigas.
Então ela começou a sentir os ovos a estalar, um, outro a seguir, e assim por diante:
— Pic, pic! — soavam o ovos a se quebrar.
Um a um foram eclodindo os patinhos, até que por fim restara apenas um ovo intacto. Este ovo, a mamãe pata sempre o estranhara, ele era bem maior que os outros ovos da ninhada, e tinha um tom de cinza encardido.
Uma pata velha que era amiga da mamãe pata estava a passear ali por perto, quando a euforia da mamãe pata lhe chamou atenção ela chegou mais perto, e observando a ninhada que acabara de nascer, escutava a mamãe pata, muito orgulhosa a lhe dizer:
— Veja só que lindos os meus filhotes! Por bem que agora só falta o ovo maior a se quebrar
— Deixe-me ver este ovo. — falou-lhe a pata velha — Este ovo é de peru! Certa vez aconteceu o mesmo comigo, não sei como os ovos de peru foram parar em meu ninho, só sei lhe dizer que quando os perus nasceram me deram o maior trabalho. Deixe o ovo ficar e vá ensinar os outros patinhos a nadar.
— Vou ficar um pouco mais — disse a mamãe pata — já estou aqui há tanto tempo que não me custa esperar um pouco mais.
Enfim, o grande ovo estalou.
A mamãe pata observava o patinho que de lá saíra. Ele era grande e cinza. Considerou-o feio apenas por ser diferente de seus outros filhotes.
— Às vezes pode acontecer de nasceres feio, e depois de grande pode vir a tornar-se o maior, mais forte e mais bonito de todos — falou a mamãe pata para seu estranho filhote. Este limitou-se a responder-lhe com um simples “Quac”.
E lá se foi a pata, toda orgulhosa, se mostrar com seus filhotes.
Entrou no lago e chamou seus patinhos a dizer:
— Vamos lá seus bobos, se pensam que o mundo é só isto estão enganados. Entrem na água, mexam uma pata após a outra e logo estarão nadando.
E lá se foram os patinhos, desajeitados no início, afundavam ao entrarem no lago, mas logo via-se seus bicos a emergir quando por fim entendiam que para nadar lhes bastava mexer as patas como a mãe os ensinara.
Ao apresentar seus patinhos, a mamãe pata sempre tinha que defender aquele patinho feio. Os outros patos o rejeitavam, o chamavam de feio e diziam que não o queriam por perto.
— Bela família, os patinhos são todos bonitos, exceto aquele cinzento. Ele tem um ar estranho, além de ser grande demais — diziam os outros patos.
A mamãe pata por sua vez sempre lhes justificava:
— Ele é apenas diferente. Passou mais tempo no ovo, isso deve ter estragado sua aparência. Mas ele é um bom filhote, é obediente e nada tão bem quanto seus irmãos. Atrevo-me a dizer que quando este crescer, será dos mais fortes e bonitos.
E o patinho tido por todos como estranho, logo foi apelidado de Patinho Feio.
Com o passar do tempo a sina do Patinho Feio só piorava, até seus irmãos começaram a lhe rejeitar. Desdenhavam dele e não o deixavam participar das brincadeiras, muito menos comer junto a eles. Os outros patos, e as galinhas o enxotavam, ameaçando lhe bicar, e até a garota que dava de comer aos animais lhe empurrava com o pé.
O Patinho Feio era solitário, sentia-se rejeitado. Vivia a nadar só, observando seus irmãos a brincar, sem poder se aproximar para participar.
Certa vez ouvira até sua própria mãe por causa dele lamentar-se:
— Quem me dera ele fosse normal — dizia a mamãe pata.
Cansado de tanto destrato, o Patinho Feio decidiu que iria embora dali. Se tivesse sorte, ao menos passaria despercebido, assim estaria livre de escutar tantos xingamentos.
E assim ele fez, sem sequer se despedir foi embora, voando por cima das cercas e sebes.
Quanto mais para longe voava sentia-se leve. Até que viu ao longe um lindo lago, ao seu redor haviam lindas árvores que lhe daria boa sombra.
Pousando no lago, o Patinho Feio sentiu-se intimidado, por lá nadavam os patos bravos que de longe o encaravam. Ele então se encheu de coragem e se aproximou para cumprimentá-los da forma mais educada, como a mamãe pata o ensinara:
— Bom dia senhores! Se não for incômodo, gostaria de por aqui pousar. Estou a viajar só, água fresca e bom alimento é o que busco.
— Que espécie de pato és tu? — disse um dos patos bravos — decerto que és feio, mas simpatizamos contigo, por isso podes por aqui ficar. Contanto que não se engrace com nossas filhas.
Coitado do Patinho Feio, nunca sequer pensara em namorar. Se ser aceito sem preconceitos era difícil, quem dirá conseguir uma namorada. Ele queria apenas um bom lugar para repousar e viver tranquilamente.
Passaram-se alguns dias, e a desconfiança inicial que seus novos companheiros lhe mostraram foi se desfazendo, dando lugar à cumplicidade e início de uma amizade.
Num dia ensolarado, estavam todos a nadar e papear despreocupadamente, de repente tudo ficou quieto. Os pássaros que viviam ali por perto silenciaram-se. Repentinamente escutaram um “Bang”! E foi a maior confusão, o Patinho Feio viu seus companheiros voando e serem abatidos em pleno vôo. Eram os caçadores que estavam a atacá-los.
Haviam homens empoleirados até em cima das árvores, de lá faziam mira e atiravam. Os cães de caça estavam espalhados por toda margem do lago.
Numa tentativa de fuga desesperada, Patinho Feio nadou rapidamente até uma faixa da margem onde não se via cão algum. Mas ao sair do lago, um dos cães lhe farejou e veio ao seu encontro, de pêlos eriçados e dentes à mostra, vinha o cão à toda carreira a fim de atacá-lo.
O Patinho Feio teve certeza que aquele seria seu fim, então fechou os olhos esperando pelo ataque. Mas estava demorando demais, então quando ele abriu os olhos viu o cão horrível parado ao seu lado, com a língua de fora e um olhar ameaçador. Este estava a cheirar-lhe, e após tocar-lhe com o focinho, o cão deu-lhe uma bufada e afastou-se para longe abanando o rabo.
— Meu Deus, dou-te graças, fizeste-me tão feio que até o cão pensa duas vezes antes de me atacar!
O Patinho correu a se esconder num arbusto próximo, e depois de algum tempo os tiros cessaram. Aí então ele aproveitou para alçar vôo, indo tão longe quanto seu cansaço lhe permitia.
Finalmente avistou um casebre, por perto deste também havia um pequeno lago. E ali decidiu pousar. Mesmo exausto parou para admirar a beleza do lugar. Ao pôr do sol surgiu um bando de grandes aves no lago, eram lindos cisnes, de um branco puríssimo.
O Patinho Feio ficou extasiado! Aquelas maravilhosas e elegantes aves de pescoços longos o atraíam, estava tão empolgado que tentava chamar atenção deles soltando uma voz que até para ele soou estranha. Ele nunca esqueceria aqueles cisnes, sentiu-se mais atraído por eles do que por qualquer outra coisa.
Chegado o inverno, o Patinho Feio estava a passar por dificuldades. O lago havia congelado, e ele não conseguia alimentar-se. Enfraquecido e quase congelando, o Patinho Feio foi resgatado pelo camponês que morava no casebre próximo ao lago. Este enrolou-lhe em seu casaco e o levou ao pé da lareira para esquentar-lhe. O Patinho Feio foi muito bem acolhido pela família do camponês, passando o inverno por lá, alimentava-se e recebia atenção, principalmente das crianças.
Era chegado o fim do inverno, as cotovias voltaram a cantar, os raios de sol derreteram a neve, e no lago os cisnes tornaram a pousar. Vendo que o Patinho Feio estava totalmente recuperado, que havia crescido e ficado mais forte, o bondoso camponês o levou até o lago.
Chegando lá o patinho avistou os cisnes, estava tão empolgado! Iria aproximar-se deles, era inexplicavelmente atraído pelas elegantes aves de pescoços longos. Não se importava em ser rechaçado, apenas o faria.
Quando o Patinho Feio se aproximou, ao contrário do que ele esperava, os cisnes o cumprimentaram, bicavam-lhe delicadamente, como que dando-lhe as boas vindas.
Sem entender o comportamento amigável dos cisnes, ao qual não era habituado, o Patinho Feio lhes perguntou:
— Porque me cumprimentam? Esperava que me enxotassem como todos fazem.
— Mas porque nós faríamos isso se você é um dos nossos? — falou-lhe um dos cisnes.
Confuso, o Patinho Feio olhou para seu reflexo na água, e de cara achou estar vendo outro animal, mas quando levantou uma de suas asas, o reflexo também o fez. Entendeu então que era ele mesmo. Estava lindo! Assim como os cisnes que tanto admirava. Era um cisne que teve o azar de ter seu ovo misturado com ovos de pato.
Ele passara todo o inverno longe do lago, aos cuidados do camponês havia crescido, se tornado um lindo cisne, e só agora podia entender: ele nunca foi feio, era apenas diferente, como dizia a mamãe pata.
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Hans Christian Andersen foi um escritor e poeta da Dinamarca, focado e voltado para a produção de histórias infantis. Outras obras dele seriam "O Abeto"... (Leia mais)
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